Vem viver| Ed 01 | 2014 - page 26

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VEMVIVER
MAIO 2014
um exemplo. Quando iniciei a reabilitação, percebi que cada
atitude minha era um espelho para os outros pacientes que
estavam lá. Então passei a dar muita importância para o es-
porte e comecei a fazer o que ninguém esperava, nem mesmo
os médicos.
V.V.:
Quantas horas você se dedica aos treinos? Como eles
são feitos?
F.F.:
Treino de segunda a sábado. Vou para a água na parte da
manhã e pratico canoagem por uma hora e vinte minutos no
máximo. Dedico a tarde para musculação.
V.V.:
A canoa em que você treina tem alguma diferença das
normais, algum equipamento que precisou ser adaptado?
F.F.:
Várias. Na canoagem as pernas funcionam para dar equi-
líbrio, no meu caso foi preciso adaptar a minha canoa para
que eu conseguisse me movimentar mesmo sem ter muscu-
latura em algumas partes importantes do corpo, como a lom-
bar e os glúteos. Outra diferença é que, em canoas normais,
os pés pilotam o leme. Por isso, conto com um leme fixo no
meu equipamento.
V.V.:
Pode falar um pouco sobre suas conquistas?
F.F.:
Comecei minha trajetória em uma maratona em Brasília,
competindo com atletas que não tinham lesões, e terminei
na segunda posição. Voltei para São Paulo (SP) e participei do
VEM VIVER:
O esporte sempre esteve
presente na sua vida?
FERNANDO FERNANDES:
Sim, sempre.
Fui jogador de futebol e passei por cate-
gorias de base de alguns clubes até me
profissionalizar, aos 17 anos. Formei-me
em Educação Física, comecei a treinar
boxe e cheguei a ser campeão amador
na modalidade. Mas, logo depois, fui tra-
balhar como modelo e acabei deixando o
esporte um pouco de lado.
V.V.:
Já praticava canoagem antes?
F.F.:
Brinco que a minha relação com a
água era apenas para tomar banho. Nunca
tinha feito canoagem. Conheci a modali-
dade no Centro de Reabilitação Sarah, em
Brasília (DF). Quando me vi sentado no
caiaque, senti que estava em posição de
igualdade com os outros competidores e
percebi que ali eu estava livre, sem depen-
der da cadeira de rodas. A canoagem foi
a melhor descoberta da minha vida!
V.V.:
Você driblou as adversidades da vida com
o esporte. Acredita ter dado um exemplo
de garra e superação para as pessoas?
F.F.:
Não gosto muito da palavra supera-
ção porque acredito que cada pessoa tem
os seus problemas e uma maneira própria
para resolvê-los. Também não me sinto
PERFIL
"Quando iniciei
a reabilitação,
percebi que cada
atitudeminha era
umespelho para
os outros pacientes
que estavam lá"
FOTOS: ©1 MARINHEIRO MANSO, ©2 DIVULGAÇÃO
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