

Desafios não eram
problemas insolúveis
Nascido em Penápolis/SP, foi criado na rotina do
campo. Nos planos do pai, seria fazendeiro. Devido
a problemas de saúde, tevemuito contato commé-
dicos e acabou se apaixonando pela profissão. En-
frentou as dificuldades da sua decisão e formou-se
na Universidade Federal do Paraná, emCuritiba.
Já na faculdade, Edmundo Castilho questio-
nava-se sobre a mercantilização da medicina.
À época, só existiam dois modelos de atendimen-
to: o particular, acessado somente por quem tinha
dinheiro, e o alternativo, onde o médico, como
empregado em algum hospital, atendia às pessoas
menos favorecidas, em ambulatório ou consultó-
rio precário. Descontente com a situação, pensou
em garantir acesso qualificado a todos os pacien-
tes, respeitando a autonomia dos profissionais.
Determinado a provocar mudanças na forma
como era desenvolvido o trabalho médico, estu-
dou e aprofundou-se nos princípios do cooperati-
vismo e dedicou esforços à implantação da União
dos Médicos. Compartilhando conhecimento, ali-
mentado pela coragem para inovar, Castilho mos-
trou-se um grande empreendedor, o que o levou
a multiplicar os ideais cooperativistas para muito
além do que sonhara. Sua ideia foi impulsionada
como surgimento das grandesmontadoras de veí-
culos, que exigiam atendimento médico abran-
gente e diferenciado. Daí a origem e a consoli-
dação das medicinas de grupo, de cunho mer-
cantilista, e das cooperativas, eminentemente
democráticas e de profundo alcance social.
Para avançar, sempre contou com o incondicio-
nal apoio da esposa, com quem teve três filhos,
que lhe deram quatro netos. O empenho e a cora-
gem com que abraçou sua causa e cumpriu seus
objetivos proporcionou um legado incompará-
vel ao trabalho médico, ultrapassando fronteiras,
mudando conceitos e enfrentando os desafios
impostos por um mundo sempre em evolução.
Nenhuma barreira foi grande o suficiente para
frear o idealizador da Unimed. O crescimento
extraordinário alcançado pelo sistema coopera-
tivista o fez muitas vezes repensar, sim, mas para
encontrar soluções, para buscar as adaptações ne-
cessárias e resgatar os princípios cooperativistas.
Sem favor ou fortuna, Castilho detinha todo o
equipamento intelectual e os melhores atributos
pessoais, além da experiência, cortesia, dignidade
e coerência. Era gentil, agradável e eficaz, e culti-
vava ainda a virtude da franqueza. Como grande
presidente, conheceu também fluidas lealdades e
amigos temporários.
Umeterno legado
No dia 9 de junho, o Dr. Edmundo Castilho nos
deixou, aos 86 anos. Mas seu legado será eter-
no, bem como sua lição de determinação e re-
siliência. Não há dúvidas de que sua passagem
foi brilhante. Como poucos, conseguiu mostrar
que é possível fazer diferente, pensar e agir para
o bem coletivo. Há, no cuidado dedicado a cada
um dos 19 milhões de beneficiários, a inspiração
que move o Sistema Unimed, o compromisso
firmado por seu idealizador no dia em que de-
cidiu mudar o rumo de sua vida e da história da
medicina brasileira.
Por dever de honra, ante sua morte, não pode-
mos permitir que seu nome e suas ações sejam
esquecidos pelos médicos cooperados, e só evo-
cados e apresentados aos olhos de uma nova ge-
ração pelo obituário.
Honra ao bravo que não voltará. A serviço de
sua nobre causa, passou pela inclemência da
morte. Seu lugar, seus amigos, suas salas não mais
sentirão a sua presença, pois nunca mais retorna-
rá como o conhecemos. Mas, num sentido mais
elevado e nobre, retornará com uma mensagem
de dever, de coragem e de cooperação acima de
tudo, como inspiração de seu exemplo.
“Castilho detinha todo o
equipamento intelectual e os
melhores atributos pessoais,
além da experiência, cortesia,
dignidade e coerência. Era gentil,
agradável e eficaz, e cultivava
ainda a virtude da franqueza.”
setembro 2016
vemVIVER
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