Revista Ampla Edição 34 | Unimed Paraná - page 11

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Acredito
que após
todos
esses anos
consigo enxergar
melhor a classe
médica e
compreender
suas dificuldades
Ampla
Quais serão seus principais
desafios na Unimed Curitiba?
Alexandre Bley
Enxergo que o
principal desafio está dentro de casa. A
fidelização da presença do cooperado
dentro da vida da sua Cooperativa é
essencial para um crescimento sus-
tentado do nosso setor. Pretendemos
passar a ideia da responsabilidade de
sócio que deve permear as decisões de
todos os cooperados. Uma Cooperativa
pressupõe cooperação entre os pares,
possibilitando que todos ganhem um
trabalho conjunto. A fragmentação põe
em risco a subsistência e desvirtua to-
talmente os princípios que defendemos.
Da mesma forma, extrapolando um
pouco mais esse conceito, é necessário
estreitar o relacionamento com nossas
coirmãs do estado e de todo o Sistema
nacional. Espero que a Unimed Curitiba
possa sempre contribuir para o debate
saudável, no campo das ideias, em que o
respeito mútuo seja uma constante.
Ampla
Como o relacionamento entre
Cooperativa e cooperado e cooperado
e paciente pode ser aprimorado?
Alexandre Bley
O cooperado é
a cara da Cooperativa, logo a relação
entre essas duas peças é a chave do
negócio. Uma Unimed começa e ter-
mina na sensação expressa de seu coo-
perado. Somos o que somos, não por
obra do acaso, mas pela demonstração
individual de seriedade e competência
de cada médico cooperado em relação
à sociedade que servimos. Isso nos faz
diferentes e mais fortes. Uma relação
conflituosa, na qual não exista um
senso de pertencimento, faz com que
o cooperado se afaste e, consequente-
mente, o paciente possa perceber uma
fragilidade nessa relação e questione
a sua escolha de um plano de saúde.
É fundamental que o médico seja o
maior propagandista e vendedor de
planos Unimed. Um cooperado engaja-
do e preocupado com a saúde dos seus
pacientes traduz o nosso ideal. Para
isso, ele precisa ser respeitado.
Ampla
Estimular no cooperado a
noção de pertencimento está entre as
prioridades da Unimed Curitiba? Como
isso pode e será feito?
Alexandre Bley
Sem dúvida que
sim. Sempre digo que os cooperados
eleitos para uma gestão não são pes-
soas iluminadas e, consequentemente,
detentoras da verdade absoluta. São
pessoas que se dispuseram a dar parte
do seu tempo por um projeto maior e
coletivo. Um representante eleito só o
é de fato quando seus representados
o enxergam como tal. Portanto, a pos-
tura de quem se dispõe a assumir um
posto de liderança é crucial e deve ser
um exemplo. Pretendemos aprimorar
canais de comunicação com o coope-
rado, demonstrando transparência na
gestão. Transparência, essa é a palavra-
-chave. As informações repassadas de-
vem nortear a situação da Cooperativa
e chamar à reflexão, especialmente nos
momentos de mudança de postura.
Ampla
Muito se fala sobre a valo-
rização dos médicos pertencentes a
Cooperativas de saúde suplementar.
De que forma a Unimed Curitiba trata
dessa valorização? Há algum plano
para a nova gestão?
Alexandre Bley
Aqui, o contexto de
valorizar é reconhecer o merecimento
por algo feito. Diariamente, milhares de
médicos efetuammilhares de procedi-
mentos médicos, sendo a ampla maioria
com diligência e sucesso. A pressão
e a responsabilidade que o médico
assume ao atender alguém transcende
o entendimento da maioria das pessoas.
Nesse ponto, acredito que a Unimed,
como uma entidade médica, temmais
condições de compreender o que esta-
mos falando. Não podemos esperar que
outros nos valorizem, se nós mesmos
não o fazemos. O foco da nossa gestão
é a busca de melhores resultados para
podermos remunerar mais dignamen-
te nossos cooperados. Não podemos
tratar esse assunto primordial com
retórica, temos algumas ações em an-
damento e outras e serem postas com
esse objetivo. Se vamos atingir? Espero
que sim, mas, com certeza, o resultado
passa pela conscientização de todos
os envolvidos. O modelo atual não
responde mais aos anseios e é a hora de
a criatividade entrar em jogo.
Ampla
Quais são os principais apren-
dizados que o senhor traz da experiên-
cia de ter sido presidente do CRM-PR e
que poderá aplicar na Unimed?
Alexandre Bley
Posso dizer que
amadureci como pessoa, pois pude
participar dos momentos de maior
fragilidade de vários colegas, culpados
ou inocentes, pelo menos aos olhos de
seus pares. Percebi algo que a facul-
dade me ocultou, que a falibilidade e
a fraqueza humana é um fato e que o
médico não está imune. Em muitos mo-
mentos, o sentimento de onipotência
médica se desnudou. Tive a oportunida-
de de aprender com os erros dos outros,
sem precisar cometê-los. Acredito que
após todos esses anos consigo enxer-
gar melhor a classe médica, compre-
ender suas dificuldades, mas também
não ignorar seus problemas internos.
Somos uma mesma classe, porém
heterogênea e, por consequência, com
interesses distintos e, por vezes, con-
flituosos. Sofri as mais diversas formas
de pressão. No entanto, quando se tem
princípios bem definidos, a batalha, por
mais dura que seja, não lhe tira o bem
mais precioso, a dignidade. Entendo que
me calejei para este momento, em que
a mudança é necessária, tanto na ges-
tão da Unimed Curitiba quanto dentro
do corpo de cooperados.
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a m p l a
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