Revista Ampla Edição 34 | Unimed Paraná - page 16

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Pacientes
que têm
acesso
às
informações
tornam-se
potencialmente
poderosos
a m p l a
C a pa
jul/ago/set 2014
O professor concorda que, assim como o pa-
ciente, o médico também precisa estar informa-
do e atualizado. "Continuar adquirindo cultura
em uma profissão que se baseia em relaciona-
mentos e em pessoas é uma das maneiras de
conquistar a confiança dos pacientes", analisa.
Hanna prefere não rotular cada tipo de
paciente deste ou daquele jeito. Segundo o
professor, é preciso auxiliá-lo em suas inse-
guranças. "Alguns pacientes se apresentam
na consulta com mais receio do que outros.
Cada pessoa é diferente. Tem uma história de
vida diferente e sua maneira de enfrentar seu
problema de saúde também é diferente. Para
uma mesma doença, pessoas diferentes podem
necessitar de abordagens diferentes", sugere.
Diante de tantas mudanças e da diversidade
de pacientes, além do aprimoramento técnico e
científico, se faz necessário também o "aprimo-
ramento pessoal e o cuidado do médico consigo
mesmo". Para Hanna, a pessoa que somos tem
influência direta no profissional que somos.
"Precisamos reconhecer em cada paciente as
suas incertezas e para cada um a melhor forma
de resolvê-las, quando possível", reforça.
Confiança na relação
A relação estabeleci-
da entre o médico e o paciente é um dos pilares
fundamentais da profissão médica e nela é que
se institui o vínculo no qual se conquista a con-
fiança, requisito fundamental para o trabalho
do médico. Segundo o professor, a confiança
carrega, agregado a ela, o respeito pela pessoa
do médico (alguém que se pode acreditar que
fará o melhor por mim) e no profissional (aquele
que tem treinamento e conhecimento sobre
determinado assunto).
"Com esses requisitos, é possível dialogar.
Cabe ao profissional perceber no paciente suas
incertezas e, se estiver ao seu alcance, escla-
recê-las. Não se trata de uma relação de poder
em que um decide e o outro aceita, ou ainda,
que um sabe e o outro não", explica. De acordo
com Hanna, as indagações trazidas na consulta
devem ser discutidas na linguagem apropriada
para alcançar aquela pessoa (é preciso que ela
compreenda) e anule suas incertezas.
A informação é um bem para a sociedade
como um todo. Para o paciente, é uma das for-
mas de educação em saúde. Entretanto, a forma
como interpreta a informação e a utiliza pode
ser equivocada, tornando-se um problema. "Tão
fundamental quanto a informação é sua correta
interpretação e a consequente individualização
da mesma", alerta.
O professor da UFPR também concorda que,
para esse conjunto de fatores ser aplicado, é
preciso que os médicos tenham as condições
necessárias para exercer a profissão. "É preciso
ouvir o paciente. Cada um tem o seu tempo, uns
mais, outros menos, e precisamos respeitar. É
preciso que possamos continuar aprendendo
técnica, ciência e humanidades. É preciso que
possamos, como qualquer cidadão, ter uma
jornada de trabalho que nos permita cuidar de
nossa pessoa, de nossa família, conviver fora da
profissão e dos locais de trabalho. É preciso res-
peito e valorização do nosso trabalho", reflete.
O amplo acesso à informação pelos pacientes
pode trazer consequências sérias à atuação dos
profissionais da saúde. É o caso da judicialização
do ato médico, pois o paciente, cada vez mais
exigente, ao ficar insatisfeito ou constatar deter-
minada complicação em seu tratamento procura
oMinistério Público, o Conselho Regional deMe-
dicina e a imprensa para denunciar o que imagina
ser erro médico.
Para Marcos Gutemberg Fialho da Costa, mé-
dico, advogado e diretor jurídico do SindMédico-
-DF, em seu artigo "Medicina Defensiva - Uma
Necessidade", publicado, em 2005, na revista do
Conselho Federal de Medicina, a recomenda-
ção diante desse panorama é de que o médico
dê atenção ao paciente e à sua família, solicite
exames complementares; jamais deixe de prestar
o atendimento; não sublime a doença aliviando
as consequências da patologia; registre absoluta-
mente tudo no prontuário e denuncie as condi-
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