REVISTA VIVA
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discriminatória. "Nesse período as crianças discri-
minam pessoas, às vezes até familiares, por isso é
mais difícil. Assim, enquanto conversamos comos
pais durante a consulta fica tudo bem, mas quando
voltamos a atenção para ela, ao fazer contato, ela
se defende", explicou.
O pudor também é outro problema enfrenta-
do diariamente nas consultas. Sipolatti disse que
como muitos pais têm orientado cada vez mais as
crianças a não tirarem a roupa na frente de estra-
nhos, quando chegam no consultório também re-
lutamemtirar. Nessa situação osmédicos também
contamcoma ajuda deles para driblar o problema.
CONVERSA E PACIÊNCIA
Outra reação comum que também mexe com
a emoção das crianças, segundo o médico, é no
momento de imunização. Ele disse que quando
chegam ao local da vacina muitas crianças já co-
meçam a chorar relembrando e reconhecendo os
momentos anteriores que esteve no local.
É o caso da pequenaHelena Carvalho Luz Sou-
za, de um ano e três meses. Sua mãe, a estudante
de Administração Bárbara Carvalho Luz Souza, 27,
relata que a filha já reconhece o posto de vacinação
e só de se aproximar do local já demonstra medo,
gruda ainda mais nela e chora antecipadamente.
"Ela também já chegou a chorar e termedo na hora
de deitar na maca para fazer o exame e o ritual de
tirar a roupa. Hoje ela ainda se incomoda quando
o médico vai examinar o ouvido com aquele apa-
relho", contou.
Para que filha não tenha as emoções tão abala-
das na hora da vacina, ela tem desenvolvido uma
tática, que é de não deixarmais Helena na cama do
consultório. "Vou conversando e explicando, aí ela
fica nomeu colomesmo, dando o braço ou a perna,
mas se a deito, sai de baixo", brincou.
No consultório do pediatra, amãe procura levar
brinquedos para deixá-lamais à vontade. "Amédi-
ca tambémcoopera bastante, mostra o aparelho e a
deixa segurar, pois assim faz o exame rápido. Mas
percebo que à medida que ela está crescendo está
diminuindo a choradeira. Como vamos sempre ao
mesmo pediatra, ela já o reconhece, assim como o
local", contou.
O medo de ir ao médico, portanto, é uma fase
e não tem consequência futura para o desenvol-
vimento da criança, segundo Sipolatti. Para isso
ocorrer, a abordagem tem de ser na base da pa-
ciência e sem forçar a criança a deitar na maca.
"Abordar uma criança é uma arte. Temos que de-
monstrar e dar confiança, fazendo a consulta sem
pressa e sem pressão", finalizou.
Bárbara Carvalho Souza, disse que a filha Helena tem muito medo das
agulhas para vacinação e chora só de chegar ao posto
Valentim Sipolatti afirmou que as crianças têm medo dos médicos
apenas na fase que vai dos 11 meses aos 2 anos e meio
Foto: Max Balarini