Notícias

Varíola dos Macacos: surto da doença gera alerta

Surgimento de casos em mais de 15 países – incluindo o Brasil – requer monitoramento
Texto: Amanda Medeiros
Design: Divulgação/Unimed Centro-Oeste Paulista
        08 de julho, 2022
A varíola é uma doença causada por vírus e que provocou cerca de 500 milhões de mortes, de acordo com estudiosos. Ela teria surgido na Índia, existindo descrições na Ásia e África antes mesmo da era cristã. No Brasil, a doença foi identificada pela primeira vez em 1563, na Bahia. As informações são da Organização Mundial da Saúde (OMS).
É possível classificar a varíola em duas categorias: varíola major e varíola minor, sendo a primeira o tipo mais letal da doença, apresentando uma letalidade de cerca de 30%. Já a varíola minor é mais branda, com uma letalidade inferior a 1%.
A transmissão ocorre, na maioria das vezes, por inalação de gotículas contendo o vírus, as quais são eliminadas pelo doente ao falar, tossir ou espirrar. Apesar de menos comum, a varíola pode ser contraída ao manusear-se roupas, lençóis ou outros objetos contaminados pelo doente.
O período de incubação médio é de 12 dias. Após isso, os sintomas surgem de maneira abrupta. São eles: 
•    Febre alta
•    Dores de cabeça
•    Dores no corpo
•    Abatimento
•    Calafrios
Esses sintomas têm uma duração de cerca de quatro dias, e, após o período, a doença progride para a forma mais grave, com redução da febre e surgimento de erupções na pele.
Durante essa fase da doença, o risco de cegueira é grande, pois as lesões provocam coceira, e, ao coçar e tocar os olhos, o doente pode desencadear inflamação no órgão.
As crostas caem cerca de 10 dias após sua formação, podendo deixar cicatrizes permanentes na pele. As mortes em decorrência da varíola ocorriam, geralmente, devido a uma resposta massiva do organismo que provocava choque e desencadeava a falência múltipla dos órgãos.
O diagnóstico da doença é basicamente clínico. O exame laboratorial para diagnosticar-se a doença é feito, por exemplo, por meio do cultivo do vírus do sangue ou de lesões na pele.
Quando a varíola ainda ocorria no planeta, nenhum tratamento era efetivo. As medidas indicadas tentavam apenas amenizar a coceira e a dor causada pelas lesões. 
 

Ter conhecimento dos sintomas é fundamental para o diagnóstico precoce de grande parte das doenças. Foto: Getty Images

A vacina foi a responsável por erradicar a doença do planeta, pondo fim em anos de mortes e sequelas irreversíveis. O imunizante foi criado por Edward Jenner, um médico da Inglaterra, e foi aplicada até a década de 1980, quando a varíola finalmente teve seu fim.
Ele observou, em 1789, que pessoas que ordenhavam vacas não contraíam a varíola após adquirirem a varíola bovina. Em 1796, ele extraiu o pus presente em uma lesão de uma pessoa que tinha contraído a doença e inoculou-o em um menino saudável, que adquiriu a doença de forma leve.
Passado algum tempo, Jenner inoculou, no mesmo menino, o material retirado de uma pústula de uma pessoa com varíola humana. O menino não contraiu a doença, o que significou que ele estava imune a ela. O profissional, então, fez a experiência com outras pessoas, inclusive com o seu próprio filho. Os resultados do experimento foram publicados em 1798.
Apesar de enfrentar resistência, em pouco tempo, sua descoberta foi reconhecida e espalhou-se pelo mundo. Em 1799, foi criado o primeiro instituto vacínico em Londres e, em 1800, a Marinha britânica começou a adotar a vacinação. A vacina chegou ao Brasil em 1804, trazida pelo Marquês de Barbacena.

Varíola dos Macacos/Monkeypox
A Varíola dos Macacos é transmitida pelo vírus monkeypox, que pertence ao gênero orthopoxvirus. É considerada uma zoonose viral, ou seja, é transmitida aos seres humanos a partir de animais. A doença possui sintomas muito semelhantes aos observados em pacientes com varíola, embora seja clinicamente menos grave. 
O período de incubação é, geralmente, de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias, segundo a OMS. O nome monkeypox se origina da descoberta inicial do vírus em macacos em um laboratório dinamarquês em 1958. 
O primeiro caso humano foi identificado em uma criança na República Democrática do Congo, em 1970. Atualmente, ainda de acordo com a OMS, a maioria dos animais suscetíveis a este tipo de varíola são roedores, como ratos e cão-da-pradaria.
Contudo, até o fechamento da reportagem, 16 países já registraram casos da doença em humanos, inclusive o Brasil, com 11. 
“A Varíola dos Macacos ficou conhecida, porque alguns macacos apresentaram lesões de pele. Lembrando que o macaco é uma vítima do vírus, pois o grande reservatório da doença provavelmente são os roedores”, afirma Geovana Momo, médica infectologista e cooperada da Unimed Lençóis Paulista.
O contágio é feito pelo contato próximo e prolongado da pessoa doente com a pessoa sem lesões através da saliva, do beijo e da tosse. O ser humano que suspeita estar contaminado tem que ficar em isolamento.
“Por isso, é importante se prevenir com a higienização das mãos, uso de máscara cobrindo nariz e boca. No Brasil, não há tratamento específico para a Varíola dos Macacos. É uma doença autolimitada, que tem início e fim, que varia de duas a quatro semanas. Em outros países, há o uso de um antiviral para o combate do monkeypox”, exemplifica.
“A diferença entre a varíola que já foi erradicada com a Varíola dos Macacos é a letalidade, porque a doença atingia muitas crianças e imunossuprimidos. Essas pessoas dos grupos de risco devem ter mais cuidado”, finaliza Geovana Momo.
A OMS está trabalhando com os países afetados para expandir o monitoramento da doença, encontrar e apoiar as pessoas que podem estar contaminadas, e fornecer orientações sobre como gerenciar a doença. 
A instituição, assim como a infectologista Geovana Momo, enfatiza que a varíola se espalha de maneira diferente da Covid-19, incentivando todas as pessoas a se manterem informadas com fontes confiáveis sobre a extensão de qualquer surto em suas comunidades.

Médica responsável: Geovana Momo Nogueira de Lima - CRM 128515 - RQE 74104