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Sem tempo para o tabu: a saúde feminina não pode esperar

Campanha de março alerta sobre prevenção do câncer do colo do útero
Texto: Amanda Primo
        03 de março, 2025

Não existe hora certa para falar de saúde, mas para algumas mulheres, 43% delas no Brasil — de acordo com estudos de 2023 da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) — a saúde íntima tem dia, lugar, hora e pessoa certa para ser discutida. Este mês, a campanha de Março Lilás serve como apoio para levar informação a todos sobre o câncer do colo do útero, terceiro tipo mais comum na população feminina.

A porcentagem citada representa a quantidade de mulheres brasileiras que não fazem exame ginecológico de rotina, mas cerca de 4 milhões nunca visitaram um médico ginecologista. A falta de acompanhamento especializado e receio de falar abertamente sobre a saúde íntima, faz com que essas mulheres estejam mais perto de infecções e doenças, como o câncer colorretal e o do colo do útero. 

Métodos de prevenção

O câncer do colo do útero é uma infecção genital causada pelo HPV (Papilomavírus Humano), quando descoberto em seu estágio inicial, a chance de cura é de 100%.

Entre os métodos mais eficientes de prevenção estão o uso de camisinha para relações sexuais, vacinação contra o HPV, indicada para crianças entre 9 e 14 anos (consulte o calendário de vacinação determinado pelo Ministério da Saúde) e a realização do exame Papanicolau para rastreamento do câncer do colo do útero. O exame preventivo permite o melhor cuidado e tratamento para evitar a evolução do câncer.

Observação: O uso de anticoncepcional oral pode aumentar o risco de câncer do colo do útero em mulheres que estejam infectadas pelo HPV. A infecção é sexualmente transmissível e pode causar lesões na vagina, colo do útero, pênis e ânus. Métodos contraceptivos não orais, como DIU hormonal, Implanon, DIU de cobre, não tiveram, até o momento, nenhuma associação com a detecção do HPV no colo do útero, portanto, podem ser usados com segurança.

O câncer e gravidez

A ginecologista, Dra. Flavia Santos, explica como mulheres que desejam gestar devem agir em caso de suspeita da doença. Pode-se trabalhar em um tratamento que preserve a fertilidade (em estágios iniciais). “Quando um pouco mais avançado, a fertilidade passa a ser questionável e deve-se levar em conta sempre a sobrevida da paciente”, defende a Dra. Flavia.

No caso de mulheres grávidas diagnosticadas com a doença, outros cuidados devem ser tomados para preservar tanto a vida da mãe quanto a do bebê. “Vai depender do estágio do câncer", explica a doutora, "algumas vezes é necessário iniciar a quimioterapia durante a gestação, com medicações que não sejam tóxicas ao feto. Normalmente se antecipa o parto em algumas semanas, para que o tratamento adequado, seja cirúrgico ou radioterapia, possa ser realizado”.