Você conhece a Síndrome do Coração Partido?

Doença é relativamente nova e costuma afetar mais as mulheres
        20 de abril, 2023
     A Síndrome do Coração Partido é um problema cardíaco causado por emoção negativa intensa, como a saudade, o término de um relacionamento e a perda de entes queridos. Acredita-se que o excesso de adrenalina e noradrenalina provocado por este susto seja o responsável pelo mau funcionamento do coração.
     No organismo, o cérebro e o coração são os primeiros a sentir os efeitos da saudade extrema. Em seguida, o estômago e os ovários, no caso das mulheres, são afetados. Depois, todo o corpo sofre pela dependência desse sentimento. Os sintomas, no geral, são:
  • Dor no peito
  • Falta de ar
  • Palidez
  • Cansaço extremo
  • Suor excessivo
  • Arritmia
  • Desmaios
  • Pressão baixa
  Devido à semelhança dos sinais, a síndrome normalmente é confundida com o infarto: o resultado do eletrocardiograma é alterado, mas, nesse caso, ao realizar o cateterismo verifica-se que não há a obstrução de veia ou artéria do coração.
     Por ser uma doença transitória, o paciente evolui com recuperação completa da função do ventrículo esquerdo em duas a quatro semanas.
    Vale lembrar que o primeiro diagnóstico da doença foi feito em 1990 no Japão como Doença de Takotsubo. O termo foi usado por conta do formato de balonamento apical que se assemelharia a uma armadilha para capturar polvos muito comum no país.
    A cardiomiopatia induzida por estresse pode afetar pessoas de qualquer idade. Em 80% dos casos, porém, a enfermidade atinge mais as mulheres, acima dos 50 anos, que estão atravessando o período da pós-menopausa.
  Estudiosos no assunto acreditam que elas se tornam mais vulneráveis à medida que ocorre queda na produção de estrogênio, o hormônio feminino que, entre outras funções, protege o endotélio, a camada interna dos vasos.
   Idosos e portadores de transtornos neurológicos (traumatismo craniano, epilepsia) ou psiquiátricos (crises de ansiedade e depressão) integram também o grupo de risco.
   A doença é considerada nova e rara, já que foi classificada oficialmente pela American Heart Association apenas em 2006, e é responsável por 1% a 2% dos casos de síndrome coronariana aguda, que consiste em qualquer grupo de sintomas atribuídos à oclusão das artérias coronárias.

 

As peculiaridades da Síndrome do Coração Partido
 

   Diante de todas essas informações, Nilcélio Leite Melo, cardiologista e médico cooperado da Unimed Bauru, explica que a doença requer uma intervenção precoce, pois pode, muitas vezes, levar à morte. Já a identificação da Síndrome do Coração Partido é feita por meio do que os profissionais chamam de diagnóstico de exclusão, dada a sua raridade.
    “O diagnóstico dessa síndrome é de exclusão. Diante de um quadro de dor no peito, falta de ar e palpitação, temos que afastar patologias graves que ofereçam risco de morte como, por exemplo, infarto agudo do miocárdio, dissecção aórtica, aneurisma de aorta e miocardites”, revela.
     “Para poder fazer a diferenciação, os médicos lançam mão de alguns exames, desde o simples eletrocardiograma, que apresenta alterações, até os marcadores no sangue (troponina). Em alguns casos é feito o uso de exames de imagem, como tomografia do tórax e angiotomografia”, coloca o profissional.
    “Esses pacientes são encaminhados, geralmente, para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O tratamento é de suporte e envolve cuidar dos sintomas que aparecerem no momento”, completa Nilcélio Leite Melo.
      Uma das principais curiosidades sobre a Síndrome do Coração é a de que sua causa nem sempre é a mesma, pois cada pessoa interpreta os acontecimentos de maneiras distintas. Por isso, Nilcélio Leite Melo salienta que a prevenção da doença está nos pequenos detalhes que afetam o emocional.

     “O mecanismo que provoca a Síndrome do Coração Partido ainda é desconhecido, mas temos algumas hipóteses, que chamamos de tempestade catecolaminésica. Nessas situações, o paciente é exposto a um excesso de liberação de adrenalina e noradrenalina, que exerce influência direta no músculo do coração”, aponta o cardiologista e médico cooperado da Unimed Bauru.
   “A prevenção seria elaborar estratégias de enfrentamento ao estresse e tratar quadros de ansiedade, depressão e pânico. A Síndrome do Coração Partido é uma patologia extremamente grave e que necessita de intervenção precoce”, finaliza.

Médico responsável: Nilcélio Leite Melo – CRM 76423 – RQE 107280
Autora: Amanda Medeiros – MTB 0093566/SP

Fonte: Unimed Centro-Oeste Paulista