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Bebê prematuro: desenvolvimento e cuidados

Bebê prematuro: desenvolvimento e cuidados

O parto prematuro exige cuidados extras para o bebê, mas também para mães e pais

Bebê prematuro: desenvolvimento e cuidados

10 Novembro 2020

Normalmente, a duração da gestação humana varia entre 37 e 42 semanas. É o tempo necessário para formar e preparar os órgãos do bebê para a vida fora da barriga.

No Brasil, todos os anos, mais de 300 mil bebês nascem antes desse tempo. O número representa cerca de 11% dos nascimentos anuais no país.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prematuridade é a principal causa de morte de bebês no primeiro mês de vida. E, por isso, é fonte de muitas dúvidas e angústias de familiares.

Mas, com cuidados médicos e muito carinho, cada vez mais crianças nascidas antes do tempo conseguem ter um desenvolvimento saudável. Confira aqui:

 

Níveis de prematuridade

Cuidados para pais e mães

Após a alta: os principais cuidados em casa

Expectativa de desenvolvimento: idade cronológica X corrigida

Prevenção da prematuridade: a importância do pré-natal

 

Níveis de prematuridade

um bebê está em um incubadora

Quando o nascimento ocorre antes de completar as 37 semanas de gestação, considera-se o bebê prematuro ou pré-termo. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), os níveis de prematuridade variam em: pré-termo extremo (menos de 28 semanas); muito pré-termo (28 a 32 semanas); pré-termo moderado (32 a 37 semanas) e pré-termo tardio (34 a 37 semanas).

Como o bebê não completa o desenvolvimento na etapa gestacional e nasce antes da hora, pode ter complicações para respirar, regular a própria temperatura e se alimentar. Por isso, requer cuidados especiais e, na maioria das vezes, na unidade de terapia intensiva neonatal.

A boa notícia é que os avanços da medicina têm permitido que cada vez mais crianças prematuras se desenvolvam e cresçam com saúde. 

 

Cuidados para mães e pais

pai com um bebê prematuro no colo realiza o método canguru

Não só os bebês requerem cuidados quando ocorre o parto prematuro. Mães, pais e familiares também precisam de apoio para enfrentar esse momento.

Sentimentos que misturam medo, ansiedade e culpa são comuns durante o período de internação do bebê. As questões psicológicas de mães e pais de prematuros ficam ainda mais exacerbadas com a pandemia da COVID-19 e regras mais rígidas de visitação à UTI neonatal.

Vale lembrar que mães que não tenham tido sintomas de COVID-19 ou contato com pessoas sintomáticas continuam sendo incentivadas a praticar o “método canguru” durante a internação do bebê prematuro.

O método canguru consiste em colocar o bebê em contato pele a pele com sua mãe ou com seu pai. Trata-se da atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso. Esse contato gradual e progressivo favorece o vínculo afetivo, a estabilidade térmica, o aleitamento materno e o desenvolvimento do bebê.

Neste momento de pandemia, a participação do pai na prática do método canguru é avaliada pelo hospital, considerando o espaço físico da unidade e a quantidade de pessoas no local.
As mães com suspeita ou confirmação de COVID-19 só iniciam o contato físico na UTI depois de passado o período de transmissibilidade (normalmente 14 dias). Durante este período , as mães são orientadas sobre a extração de leite e a manter um contato virtual.
Importante: o leite materno segue sendo recomendado mesmo em casos de mães infectadas. Não há, até o momento presente, evidências científicas de transmissão do novo coronavírus por meio do leite materno de mãe com COVID-19. Como o bebê prematuro tem dificuldade de sucção, o leite é oferecido com auxílio de um copinho ou sonda gástrica.
Leia mais sobre aleitamento materno em tempos de COVID-19:  Amamentação e COVID-19: como conciliar?

Toda essa rotina de hospital e frustração de expectativas com a chegada do bebê podem gerar muito desgaste psicológico. O atendimento humanizado, grupos de apoio e o trabalho de psicólogos e assistentes sociais são fundamentais para a saúde mental de familiares de bebês prematuros. Um projeto da ONG Prematuridade oferece esse tipo de suporte on-line de forma gratuita.

O importante é se atentar aos boletins médicos sobre o estado de saúde do prematuro, seguir todas as orientações dos profissionais de saúde que o acompanham e ficar a maior parte do tempo possível em contato com o bebê, para que ele já “entenda” quem são seus pais.

 

Após a alta

Depois de dias, ou meses de internação, chegou o tão esperado e sonhado dia da alta!

É um momento de alegria, sem dúvidas, mas muitas vezes acompanhado de inseguranças. Afinal, durante aquele período, havia toda uma equipe de profissionais cuidando dele. Em casa, a ajuda – quando existente – costuma ser bem menor.

Mas, calma! Vai dar tudo certo. Os cuidados em casa, junto à família, são a melhor maneira de o bebê se desenvolver com saúde. 

Além disso, o prematuro só recebe alta quando estiver pronto para isso e os pais já tiverem recebido as instruções e treinamentos necessários no hospital.

A alta hospitalar é decidida por um conjunto de profissionais que envolve médico, fisioterapeutas e fonoaudiólogos (que avaliam a capacidade de manutenção da temperatura corporal, respiração, sucção e ganho de peso adequado).

Se o bebê recebeu alta, significa que está estável há alguns dias, com peso adequado (normalmente mais de 1,9 a 2 kg e ganhando cerca de 20 g por dia) e exames normais.

É importante ter um pediatra e hospital de referência para emergências e, se precisar levar o bebê a uma unidade de atendimento de saúde, ter sempre junto o resumo da internação hospitalar para servir de apoio ao médico.

 

Os principais cuidados em casa

Os bebês prematuros têm a pele e o sistema respiratório ainda mais delicados que o recém-nascido a termo. Por isso, alguns cuidados precisam ser redobrados:

  1. Evitar colocar o prematuro para dormir de barriga para baixo
  2. Evitar fumar em casa
  3. Evitar lugares fechados e com aglomerações
  4. Evitar contato com pessoas com infecções respiratórias (tosse ou coriza, por exemplo)
  5. Lavar as mãos com frequência
  6. Priorizar o aleitamento materno
  7. Manter a carteira de vacinação em dia
  8. Trocar fraldas a cada 2 ou 3 horas
  9. No banho, fazer a limpeza suave, com sabonete neutro, sem esfregar
  10. Beijinhos? Só da mamãe, do papai e de quem já mora na mesma casa (se for na testa, melhor)

 

Será que o prematuro vai se desenvolver normalmente?

O desenvolvimento das crianças segue um ritmo muito individual. Muitos prematuros podem se desenvolver sem problemas de saúde significativos. No entanto, quanto menores e mais imaturos nascem, maior é o risco de apresentarem algumas dificuldades motoras e de alimentação.

Na avaliação do desenvolvimento, é importante diferenciar idade cronológica e idade corrigida para alinhar as expectativas de desenvolvimento. Você sabe o que isso significa?

 

Idade cronológica X idade corrigida

A idade cronológica é a que considera a data de nascimento do bebê. Por exemplo: se o bebê nasceu em 1º de setembro, terá 3 meses de idade cronológica em 1º de dezembro.

A idade corrigida é ajustada ao grau de prematuridade. É a idade que o bebê teria se tivesse nascido com 40 semanas de gestação. Por exemplo: se um bebê nasce de 30 semanas exatas de gestação em 1º de setembro, calcula-se como se tivesse nascido 10 semanas depois (10 de novembro).

Quando esse bebê nascido com 30 semanas de gestação completa 3 meses (13 semanas) de idade cronológica, ele terá idade corrigida para três semanas. E só completará os três meses corrigidos em 10 de fevereiro.

O que se espera para essa criança é o desenvolvimento correspondente a três semanas de vida, e não de três meses. A idade corrigida ajuda a ajustar os estímulos de acordo com a potencialidade do bebê, direcionar o cuidado e a criar expectativas realistas.

Assim, evita-se frustrações e cobranças desnecessárias, como esperar que um bebê prematuro sente, engatinhe, fale ou ande no mesmo tempo em que um bebê nascido a termo.

Mas você não vai precisar fazer contas e corrigir data de aniversário para sempre! O uso da idade corrigida é recomendado até os 2 anos. Para os prematuros de extremo baixo peso (nascidos com menos de 1 kg) e com menos de 28 semanas, a orientação é corrigir a idade até os 3 anos.

Para algumas medidas específicas, o período indicado para a idade corrigida é diferente. São elas:

  • O perímetro cefálico deve ser corrigido até os 18 meses de vida do prematuro
  • O peso até os 24 meses e
  • O comprimento/altura até os 3 anos e 6 meses

Importante: pode acontecer que, mesmo com a idade corrigida, bebês prematuros fiquem abaixo dos padrões nos gráficos de crescimento (peso, comprimento, perímetro cefálico). Não se assuste!

É justamente para acompanhar os casos individuais que é recomendado o acompanhamento periódico com um pediatra de confiança. Conhecendo o histórico da criança, ele vai investigar sinais de alerta e encaminhar a um atendimento especializado em caso de necessidade.

 

É possível evitar o parto prematuro?

mão grávida realiza ultrassom

As causas do parto prematuro são variadas, mas costumam dar sinais ao longo da gestação.

Por isso, o acompanhamento pré-natal, com consultas e exames regulares, é tão importante para a saúde da mãe e do bebê.

É preciso avaliar o coração da gestante, sua pressão e glicemia, a posição da placenta, a quantidade de líquido amniótico do útero e outros tantos indicadores da mulher grávida. O médico poderá solicitar repouso ou mesmo tratamento medicamentoso para evitar o parto antes do tempo.

Seguir as orientações do pré-natal é eficaz, na maioria das vezes, para evitar a série de desgastes e riscos da prematuridade. Mas, pode acontecer de o bebê vir antes da hora, mesmo assim. Nesse caso, é fundamental confiar na equipe médica, na sua própria capacidade de cuidar e na força do bebê para viver. Um período de desafios começa, mas cada passo vencido é uma vitória.


Texto: Agência Babushka | Edição e Revisão: Unimed do Brasil

Fonte: Ministério da Saúde, Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, SBP, Fiocruz, Revista Crescer, Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros

Revisão técnica: equipe médica da Unimed do Brasil


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