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REVISTA VIVA
INCLUSÃO
Apesar de as leis criadas nos últimos anos terem favoreci-
do os portadores de deficiência física e intelectual, como a
criação de cotas para contratação em empresas e facilidade
na mobilidade, com a obrigação de construção de rampas, o
presidente da Federações das Apaes do Espírito Santo, Wa-
shington Luiz Sielemann Almeida, afirmou que as atitudes
da população ainda não acompanharam a legislação.
"O grande problema que encontramos hoje na adap-
tação da pessoa com deficiência é que as leis foram feitas
de forma vertical, não foram discutidas com os principais
atores, as pessoas com deficiência muitas vezes não foram
consultadas", frisou.
ParaWashingtonainda faltamalgumas atitudes paraque a
diversidade seja respeitada. Ele ressaltouqueanossa sociedade
trabalha numa ótica de igualdade e não de equidade. "Se há
uma pessoa com deficiência, em uma cadeira de rodas, por
exemplo, eoutraquenão temdeficiência, sea sociedadequiser
promover a igualdade temque beneficiar a primeira. Estamos
vendooavanço, as empresas cumpremas leis de cota comres-
ponsabilidade, vemosqueasoportunidades estãosendodadas,
mas é necessário que se trabalhe na ótica que para produzir a
igualdade sepense emuminvestimentomaior para essas pes-
soas, porquequandovocêpromoveumcursodiferenciadopara
o deficiente, você não está excluindo ou tentando minimizar
aquela diferente e sim os preparando ainda melhor."
Alcançar a diversidade e o respeito passa por envolver os
próprios deficientes nas discussões sobre inclusão, de acordo
como presidente da Feapaes. "Precisamos ser ouvidos pelas
políticas públicas brasileiras, uma discussão coma participa-
ção deles vai gerar políticas a partir das reais necessidades."
RELIGIÃO
Religar o homem a Deus. Esse é o significado do termo
religião, em latim. O teólogo e professor de filosofia Vitor
Rosa afirmou que a palavra também significa religar o ser
humano aos demais. "O sentido induz a necessidade das
pessoas buscarem algo comum e podemos observar que
a própria religião pressupõe o princípio da tolerância e do
respeito ao outro", explicou.
Em uma sociedade moderna e líquida, mergulhada em
umvazio existencial, a religião é importante, pois apresenta
valores, elementos fundamentais que orientam a pessoa
em suas decisões e proporcionam equilíbrio interno e es-
tabilidade.
Para Rosa, o caminho para a diversidade religiosa está
na tolerância, em aceitar a crença e o pensamento do outro
e acolher. "O princípio de grandes religiões como judaísmo,
cristianismo, budismo e islamismomostramessa dimensão.
Elas expressam a importância da convivência entre todas
elas, dentro dos conceitos da tolerância e do acolhimento."
Um dos grandes desafios hoje para a diversidade na
religião é o fundamentalismo, de acordo com o teólogo.
"Um dos fatores que dificultam a prática da tolerância é o
fundamentalista que gera perspectivas de não acolher o
outro. Fundamentalistas são denominações que se ancoram
no próprio pensamento e não aceitamo que o outro diz, são
fechados para o diálogo. As religiões dialogam, por isso, ter
dogmas diferentes não podem ser um empecilho para o
diálogo inter-religioso e ecumênico."
Os caminhos para a abertura ao diálogo e para aceitar
o outro passa por reconhecer as diferenças e mesmo não
acreditando, deve-se acolher o outro. "Ter a capacidade de
humildade e de ouvir o outro também é importante para o
diálogo em torno da religião", finalizou Rosa.
O caminho para a diversidade
religiosa está na tolerância
A sociedade
e a legislação
precisam
pensar em
equidade
e não em
igualdade
Vitor Rosa
Washington Luiz
Sielemann