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Obesidade infantil: as causas, os riscos e como prevenir esse problema

Obesidade infantil: as causas, os riscos e como prevenir esse problema

A obesidade infantil é considerada uma das principais doenças nas crianças pelo mundo. Apresentamos aqui causas, riscos e as principais formas de prevenir esse problema.

Obesidade infantil: as causas, os riscos e como prevenir esse problema

26 Outubro 2018

 

A obesidade infantil é caracterizada pelo excesso de peso em crianças com até 12 anos.

 

A obesidade infantil ganhou o status de epidemia, em decorrência do aumento do número de crianças obesas em todo o mundo. Hoje ela é considerada um grave problema de saúde pública.

 

No Brasil, segundo o IBGE, uma em cada três crianças de cinco a nove anos estão acima do peso. 

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com a Imperial College de Londres, concluiu em um estudo que, em 2022, existirão mais crianças obesas do que abaixo do peso no mundo.

 

A obesidade é uma doença preocupante entre os adultos — quando se fala em crianças, a situação é ainda mais grave. Isto porque a saúde começa a sofrer com os problemas causados pelo sobrepeso enquanto a criança deveria estar em pleno desenvolvimento físico. 

 

Para entender melhor sobre o que é a obesidade infantil e o que fazer para construir uma rotina de vida saudável na infância, evitando, assim, aumentar os números desta estatística, continue lendo. 

 

Neste artigo, vamos abordar: 

 
  • Obesidade infantil: um mal crônico que assola todo o mundo
  • Os riscos da obesidade infantil
  • Quais as principais causas da obesidade infantil
  • Como evitar a obesidade infantil?
 

Boa leitura!

Obesidade infantil: um mal crônico que assola todo o mundo

Quatro em cada cinco crianças obesas permanecerão obesas quando adultas. 

 

A obesidade infantil é caracterizada por um excesso de gordura corporal em crianças de até 12 anos, sendo considerado sobrepeso quando o peso da criança está, no mínimo, 15% acima do peso de referência para a sua idade. O diagnóstico também pode realizado através do IMC (índice de massa muscular). 

 

Com o passar dos anos, o número de crianças obesas tem aumentado, fazendo a saúde pública reconhecer a obesidade infantil como um grave problema, como uma epidemia.

 

Isso porque a obesidade está relacionada a diversas doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas e má formação do esqueleto. Além disso, pode gerar  dificuldades para executar atividades e brincadeiras comuns da infância. 

 

Não é um problema de estética. Por isso, vamos entender melhor os riscos e as principais causas da obesidade infantil no Brasil e no mundo.

Os riscos da obesidade infantil

Assim como a obesidade é uma doença que pode comprometer a qualidade de vida do adulto, na criança os riscos são os mesmos. A diferença — e o que faz da obesidade infantil soar o alarme da saúde pública — é que o maior tempo de exposição ao excesso de gordura poderá desencadear doenças crônicas mais cedo, reduzindo a expectativa de vida do indivíduo.

 

Além disso, como a criança está em fase de crescimento, a obesidade infantil pode ser um impacto negativo no desenvolvimento dos ossos, músculos e articulações, prejudicando a formação do esqueleto. 

 

Entre os riscos da obesidade infantil, de curto e longo prazo, podemos citar:

 
  • Obesidade mórbida, quando adultos
  • Doenças respiratórias, como asma e apneia
  • Doenças ortopédicas, como problemas de coluna ou joelhos
  • Dores nas articulações
  • Disfunções do fígado, em função do acúmulo de gordura
  • Colesterol alto
  • Diabetes
  • Hipertensão arterial
  • Complicações metabólicas
  • Acne
  • Assaduras e dermatites
  • Enxaqueca
 

Além disso, existem os riscos de cunho social e emocional, já que a obesidade pode desencadear quadros de doenças mentais ou problemas de relacionamento, incluindo:

 
  • Depressão
  • Isolamento social
  • Solidão
  • Bullying
  • Disfunções alimentares, como bulimia ou anorexia
  • Baixa autoestima

Quais as principais causas da obesidade infantil

 

Sedentarismo, falta de alimentação saudável e problemas de sono são algumas das possíveis causas para a obesidade infantil

 

Nem sempre a obesidade infantil está relacionada ao consumo excessivo de comida, ou é culpa dos pais. Existem inúmeros possíveis fatores para a obesidade infantil. É preciso entender a rotina familiar, para diagnosticar e tratar corretamente as causas do problema. 

 

Podemos citar, como possíveis causas da obesidade infantil:

Alimentação

Com o passar dos anos, houve uma drástica mudança nos comportamentos alimentares das casas, em todo o mundo. As crianças passaram a ter contato com alimentos industrializados e hiper calóricos, e se afastaram das frutas e de outros alimentos naturais e saudáveis. 

 

Com o consumo exagerado de gorduras e açúcares, há uma mudança na produção de hormônios ligados ao prazer, como a dopamina. Assim, começa um processo de compulsão alimentar: como um vício. 

Sedentarismo

Ao lado da mudança alimentar, observamos, também, uma mudança em relação às atividades físicas. 

 

Antigamente, crianças brincavam nas ruas, correndo e pulando. Hoje, as crianças passam muito mais tempo sentadas no sofá, de olho nos televisores, laptops ou videogames, segundo o Painel Nacional de Televisão, do Ibope Media.

 

Com isso, a criança não gasta mais calorias do que come. Assim, engorda.

Falta de sono

A qualidade do sono pode ser um importante fator para a obesidade infantil. Estudo da Harvard Medical School mostra que o horário de descanso está sincronizado com o relógio biológico da criança. 

 

Assim, conforme a pesquisa, crianças que dormem tarde e acordam cedo para suas atividades escolares, apresentam maior concentração de gordura na região abdominal. 

 

Manter consistente a rotina do sono, dormindo por tempo suficiente, pode prevenir a obesidade infantil, já que o sono garante o desenvolvimento e funcionamento fisiológico adequado.

Ansiedade e/ou depressão

Problemas de saúde mental, como depressão ou ansiedade, podem alterar o comportamento da criança. Ela pode desenvolver compulsões alimentares, perder a vontade de praticar atividades físicas e desenvolver outros sintomas que prejudicam sua qualidade de vida. 

 

É importante que a criança possa ter acompanhamento psicológico, caso necessário, como parte do tratamento contra a obesidade.

 

Segundo pesquisa publicada na PEPSIC, a terapia pode ajudar no controle da compulsão alimentar, no aumento da autoestima e no manejo dos sintomas da depressão e ansiedade. 

Fatores genéticos e hormonais

Existem, ainda, as causas genéticas e hormonais. Ou seja: nem tudo é culpa da alimentação ou da televisão. 

 

Filhos de adultos obesos, por exemplo, têm maior predisposição à obesidade infantil. Quando pai e mãe são obesos, as chances do filho ser obeso também são de 70 a 80%. Variações hormonais ou até mesmo o histórico da gestação da criança podem ter influência, também, no sobrepeso. Curioso?

 

Especialistas do Hospital da Infância de Boston afirmam que crianças nascidas por cesárea têm alteração na flora intestinal, tendo maior incidência da presença de uma bactéria no intestino, comum em pessoas obesas. 

 

Você pode solicitar uma avaliação hormonal e metabólica, consultando um endocrinologista.

Como evitar a obesidade infantil?

Segundo a OMS, a obesidade infantil está diretamente ligada às mudanças comportamentais que privilegiam o sedentarismo e a alimentação inadequada. 

 

Apesar do esforço para incentivar uma alimentação saudável e informar da importância da prática de exercícios físicos para os adultos, a obesidade infantil não foi tratada da mesma maneira pela saúde pública. 

 

Assim, as diretrizes para tratamento da obesidade infantil da OMS incluem aconselhamento, dieta, análise dos hábitos alimentares (da criança e da família), além do acompanhamento das medições de peso e altura.

 

O diagnóstico e tratamento devem ser realizados por médicos especializados. No entanto, você pode promover uma mudança nos hábitos e rotinas da sua casa, buscando mais saúde e qualidade de vida para todos — incluindo seus filhos.

 

Confira as nossas sugestões:

— Amamentação

  

O Ministério da Saúde recomenda que o leite materno seja o único alimento da criança até o seu sexto mês de vida. A Organização Mundial da Saúde também recomenda que a criança seja amamentada durante seus dois primeiros anos, ou mais.

 

O leite materno é um alimento completo para o bebê e está ligado à redução de diversas infecções e doenças, como otites, doenças respiratórias, diabetes e obesidade infantil. 

 

Além de, claro, fortalecer o vínculo entre mãe e filho. Saiba como você pode se preparar para manter a amamentação mesmo depois do período de licença maternidade, lendo o artigo Como armazenar o leite materno.

— Alimentação equilibrada e saudável

 

Uma reeducação alimentar para toda a família pode ser o primeiro — e mais importante — passo para o combate à obesidade infantil.

 

Estar comprometido com a saúde e deixar de lado os alimentos ricos em gorduras e açúcares é fundamental para que todos consigam manter a nova rotina de uma alimentação saudável a longo prazo.

 

Escolha versões integrais dos cereais e farinhas, como massas, arroz e pães. Aumente o consumo de verduras e legumes, e corte do cardápio os alimentos ultraprocessados, redes de fast food e os refrigerantes.

 

Consulte, também, um nutricionista. Ele é o profissional adequado para orientá-los em relação à nova dieta, para que sejam consumidos os alimentos e nutrientes em sua proporção ideal. 

— Atividades físicas

 

Estimule a prática de exercícios físicos. As atividades físicas são importantes para aumentar o gasto calórico, auxiliando na redução de peso. 

 

Quanto mais cedo a criança começar alguma atividade, maiores a chances dela se tornar um adulto ativo. Busque esportes que o seu filho se identifique, para que ele assuma o compromisso como um hábito divertido. 

 

Incentive brincadeiras que movimentam o corpo, como pega-pega, pular corda, amarelinha, dança, bicicleta, entre outros. Existem várias atividades que funcionam como excelentes exercícios — teste! 

— Controle o tempo de exposição às telas

O tempo que a criança fica exposta e conecta às telas, como televisão, computador, videogame, celular, pode influenciar em um estilo de vida mais sedentário. Pode também prejudicar os hábitos alimentares. 

 

O recomendado é que crianças até cinco anos não fiquem mais de uma hora em frente às telas. Para crianças de 5 a 13 anos, a recomendação é de que se tenha no máximo duas horas de tela com fins recreativos. 

— Cuidado com o uso de medicamentos

Pesquisas afirmam que o uso de antibióticos podem interferir no metabolismo da criança, contribuindo para a obesidade infantil. 

 

Dois estudos mais recentes confirmaram os resultados de pesquisas anteriores, sobre a correlação positiva entre a exposição precoce da criança aos antibióticos (especialmente nos seis primeiros meses de vida) com a obesidade infantil.

 

Por isso, é muito importante que medicamentos só sejam administrados ao seu filho se houver prescrição médica.  

— Sono e repouso

Conforme já mencionado, a falta de sono adequado pode contribuir para a obesidade. O relógio biológico da criança pode ficar desregulado, atingindo hormônios que controlam o apetite. 

 

Assim, os pais precisam estar atentos para que as crianças tenham qualidade no sono, e descansem o tempo recomendado para cada idade. 

 

A Academia Americana de Medicina do Sono (AASM) sugere que crianças de três a cinco anos durmam de 10 a 13 horas (incluindo cochilos à tarde). Crianças na idade escolar, de 6 a 12 anos, devem dormir de 9 a 12 horas à noite.

— Dê o exemplo

Quando se fala em obesidade infantil, muitas pessoas culpam os pais pela situação dos filhos. Nem sempre isso será verdade.

 

É fundamental que a família toda estabeleça uma rotina saudável de alimentação e com a prática de exercícios físicos. É importante observar também o tempo de tela e o controle do sono. 

 

Ser o exemplo é a melhor maneira de ensinar o seu filho a cuidar de si e da sua saúde.

 

Conclusão

 

A OMS estabeleceu a obesidade infantil como um dos mais graves problemas da saúde pública mundial

 

A obesidade infantil é um grave problema na saúde pública mundial. Conforme a Organização Mundial da Saúde, em 2025 poderá haver 75 milhões de crianças obesas no mundo. 

 

No Brasil, cerca de 15% das crianças estão acima do peso, de acordo com o professor Hugo Tourinho Filho, da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP

 

Ainda que existam muitas iniciativas para conscientizar e lutar contra a obesidade em adultos, a obesidade infantil é um problema crescente. 

 

É preciso, além das orientações e diretrizes para diagnóstico e tratamento, uma completa revisão de hábitos de vida familiar. 

 

Mudança no comportamento alimentar, incentivo à prática de exercícios físicos desde cedo e bons hábitos de sono podem ajudar a prevenir o problema. 

 

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Se ficou alguma dúvida ou sugestão, sobre esse ou qualquer outro assunto, deixe-nos um comentário!

 

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Texto: Thaís Guimarães / Design: Alex Mendes

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso), Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Organização Mundial da Saúde (OMS), Ministério da Saúde e periódico Pediatrics.

Conteúdo aprovado pelo responsável técnico-científico do Portal Unimed.


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