Aprenda a identificar a intolerância à lactose e melhore sua qualidade de vida

Texto: Contribuição: Unimed Vitória
        12 de setembro, 2022

 
A intolerância à lactose é um distúrbio digestivo que se caracteriza pela dificuldade que o organismo tem em digerir, de forma parcial ou completa, o açúcar existente no leite e produtos derivados. O problema ocorre quando não há a produção (ou quando a produção acontece em baixas quantidades) de uma enzima digestiva chamada lactase, responsável por quebrar e decompor a lactose. Como consequência, a substância chega até o intestino grosso sem alterações. 

A partir desse momento, a lactose se acumula e sofre uma fermentação de bactérias que fabricam ácido e gases, causando retenção de água e provocando o aparecimento de diarreias e cólicas. Para identificar a intolerância à lactose é necessário observar os sintomas clínicos do paciente, como o aparecimento de distensão, gases, diarreia, dores abdominais e náuseas, minutos ou horas após a ingestão de leite e derivados. O nível de intensidade desses sintomas vai depender da concentração de lactose de cada alimento. 


Existem três tipos de intolerância à lactose: a congênita, que é rara e se manifesta logo após o nascimento, impedindo o aleitamento materno; a secundária, que ocorre após a inflamação do intestino delgado motivada por gastroenterites virais, alergia à proteína do leite, doença celíaca e doenças inflamatórias intestinais; e o terceiro tipo é o adulto, uma deficiência primária que afeta a maioria das pessoas por ser de natureza genética, e que causa uma redução na produção de lactase ao longo do tempo. 


Há exames disponíveis para a confirmação do quadro. O mais usado é um exame de sangue realizado após a ingestão de um líquido com lactose. Apesar de ser mais acessível ele é menos confiável que o teste do hidrogênio espirado, chamado de padrão ouro. 


Tratamento
 

A melhor forma de lidar com a intolerância é ter a confirmação por meio do diagnóstico e entender que não é necessário excluir totalmente o leite e os derivados da alimentação. O paciente precisa conhecer os alimentos com maior teor de lactose e identificar qual é o seu nível de tolerância, porque muitas pessoas toleram uma pequena quantidade. Sempre que for possível, precisará reduzir o consumo de alimentos que são ricos em lactose, principalmente leite, iogurtes e sorvetes, e passar a consumir produtos sem a substância. Além disso, deve fazer o uso da enzima lactase nos momentos que desejar comer produtos com maior concentração de lactose. 


A infecção intestinal e outras situações que afetam o intestino podem ter relação com a intolerância à lactose, comprometendo a produção de lactase no organismo. Esse é o tipo de intolerância conhecido como secundária. Ela ocorre após uma inflamação no intestino, danificando o revestimento interno, que é exatamente o local de produção da enzima lactase, comprometendo esse processo. Com a recuperação e melhora dessa condição inflamatória, as células se regeneram e após um tempo a pessoa volta a conseguir digerir a lactase. 


É importante o paciente identificar se a exclusão da lactose da dieta realmente ocasiona uma melhora dos sintomas. Caso não haja melhora após esse tratamento, é necessário investigar outros problemas que gerem os mesmos sintomas, como a síndrome do intestino irritável, supercrescimento bacteriano do intestino e parasitoses, por exemplo. 


Intolerância x alergia

Apesar de muitas pessoas confundirem intolerância com alergia, os dois problemas são diferentes. O primeiro é caracterizado pela dificuldade do organismo em quebrar a lactase. E o segundo é uma resposta descontrolada do sistema imunológico a uma proteína específica do leite da vaca. O ataque das células de defesa motiva manifestações em todo o corpo, como falta de ar, tosse, manchas na pele, coceira e inchaço nos lábios. A alergia, geralmente, é mais perigosa. 


Não é possível reverter a queda na produção da lactase, mas é bom lembrar que o correto funcionamento dos órgãos digestivos influencia na digestão da lactose. A recomendação é ter um cardápio variado com verduras, frutas e cereais integrais que facilitam o trânsito intestinal. Apesar de ter a presença de lactose não digerida, um organismo mais saudável é menos propenso a sofrer com gases e cólicas.